Abaixo reproduzimos uma matéria da CUT e também uma da CSP-Conlutas acerca das mobilizações dos servidores públicos federais que ocorreram em todo o país na última terça-feira, 31 de Julho de 2012.
CUT Nacional
01/08/2012
Dia Nacional de Luta dos servidores federais cobra do governo abertura dos cofres “não só para os banqueiros”
Milhares tomam as ruas por atendimento emergencial aos servidores, melhorias e investimentos no setor público
Escrito por Condsef
Servidores federais de todo o Brasil protagonizaram nesta terça-feira [31/07/2012] mais um dia histórico na luta unificada da categoria pela valorização dos trabalhadores do setor e serviços públicos de qualidade para a população. Em todas as capitais onde há servidores em greve houve manifestações que retratam não só a força da categoria, como também mostra que os servidores não vão desistir enquanto o governo da presidenta Dilma Rousseff não apresentar propostas às reivindicações mais urgentes do setor. Em Brasília (foto), milhares de servidores em greve marcharam na Esplanada dos Ministérios e fizeram paradas nos ministérios do Planejamento e Fazenda, onde cobraram a abertura dos cofres não só para banqueiros e o empresariado, mas também para o atendimento emergencial aos servidores e melhorias e investimento para o setor público.
Servidores repudiam enrolação do governo Dilma, exigem respeito e valorização profissional |
No Rio de Janeiro 10 mil servidores foram às ruas cobrar propostas do governo às demandas da categoria. Em Goiás os servidores fecharam a BR-153 também em protesto. O mesmo se repetiu em Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Manaus (AM), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE), Belém (PA), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e em todas as demais capitais do Brasil que estão com servidores em greve. Esta terça-feira ficará gravada na história de lutas dos servidores.
Ontem, às vésperas da realização deste Dia Nacional de Luta, o Ministério do Planejamento anunciou o cancelamento de todas as reuniões que estavam agendadas com as entidades representativas dos servidores em greve. Alegando estar dialogando internamente para apresentar soluções às negociações em curso, o Planejamento adiou a apresentação de respostas para a semana de 13 a 17 de agosto. A decisão colocou os servidores em estado máximo de alerta, já que o Executivo tem só até o dia 31 de agosto para enviar propostas com previsão orçamentária ao Congresso Nacional.
Para assegurar as respostas positivas que os servidores tanto anseiam a orientação da Condsef e do Comando Nacional de Greve continua sendo a do fortalecimento completo e total da greve. O cancelamento das reuniões no Planejamento e as incertezas que continuam pairando no processo de negociações com os servidores fez com que categorias que ainda não haviam aderido a greve aprovassem a paralisação por tempo indeterminado, que segue cada vez mais forte. Na base da Condsef, mais de 26 categorias em 25 estados e no Distrito Federal estão em greve. E categorias como a dos professores universitários, técnicos das universidades, IBGE, entre outros, também seguem firmes na luta pela valorização dos servidores e serviços públicos.
Só falta vontade política – As tratativas com o governo não têm sido fáceis. Quando o assunto é buscar soluções para melhorar a situação do setor público, o governo adota discursos contraditórios. Enquanto insiste em dizer que o momento é de austeridade e só apresentou proposta oficial aos docentes - inclusive rejeitada pela maioria da categoria - o ministério já divulgou um relatório (veja aqui) com previsões otimistas que apontam economia crescente para o Brasil. Segundo o Planejamento, a economia brasileira voltou a recuperar o dinamismo e vem acelerando o crescimento. Para a Condsef e o Comando Nacional de Greve, mais do que nunca fica claro que o problema do governo em não atender a pauta de reivindicações urgentes dos servidores não é financeiro, e sim falta de vontade política.
Enquanto promove anúncios frequentes de pacotes de “incentivo” à indústria, o governo Dilma tem preferido endurecer com os servidores em greve, determinando corte de ponto e publicando decretos inconstitucionais para substituir servidores na luta, do que apresentar uma proposta que dê conta de solucionar o conflito instalado. Para os servidores o discurso predominante é o da crise, que não há dinheiro, mas quando o assunto é atender demandas de minorias privilegiadas sempre há verba no governo Dilma. Recentemente, o governo anunciou mais um pacote para o setor automobilístico, que concedeu mais de R$2 bilhões em isenção de impostos ao setor.
Entre 2011 e 2012, o governo concedeu a empresários aproximadamente R$155 bi em isenção fiscal. Em contrapartida, no mesmo período, contingenciou das áreas sociais mais de R$ 105 bi. Fica claro que o discurso de austeridade, portanto, aparece apenas quando o diálogo envolve servidores e serviços públicos.
Mobilização deve ser reforçada – Frente ao cenário otimista propagado pelo próprio governo, os servidores não entendem o motivo do discurso de austeridade imperar apenas no diálogo com a categoria. Por isso, o objetivo de todas as atividades de mobilização promovidas este ano e que ainda devem ocorrer têm sido chamar atenção do governo para a necessidade de buscar avanços urgentes nos processos de negociação. A expectativa dos servidores continua sendo de que avanços nas negociações sejam alcançados, e para isso a mobilização deve ser reforçada.
Continue acompanhando e participe das atividades em defesa dos servidores e serviços públicos em seu estado.
01/08/2012
Dia Nacional de Luta fortalece greve dos servidores públicos federais e aprova novas ações; veja a cobertura das atividades realizadas
Após o Dia Nacional de Luta realizado nesta terça-feira (31/07/2012), o Fórum Nacional de Luta das Entidades de Servidores Federais se reuniu na tarde desta quarta-feira para fazer um balanço da iniciativa e marcar novas atividades.
De acordo com os informes apresentados pelas entidades presentes, o balanço foi positivo e reuniu nas manifestações milhares de servidores públicos federais e categorias de trabalhadores que apoiam essa mobilização. Nesta semana, a greve se fortalece com a entrada dos campus de Criciúma da UFSC e dos técnicos da Polícia Federal.
Nova iniciativas foram aprovadas para os próximos dias:
Dia 9 de agosto – Novo dia Nacional de Lutas nos estados.
De 13 a 17 de agosto – Novo acampamento e organização de Marcha à Brasília
Ainda nesta semana – Fechamento da petição de ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o decreto 7.777/2012, que será assinada por todas as entidades que compõem o Fórum Nacional das Entidades. Haverá um ato durante a entrega da petição ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O Fórum também aprovou denunciar a OIT (Organização Internacional do Trabalho) as medidas do Governo Dilma de corte de ponto, intimidação à greve e aplicação da 7.777/2012.
Os primeiros informes do Dia nacional de Luta dos Servidores Públicos Federais já começaram a chegar e demonstram que a atividade fortaleceu a greve que já dura mais de 75 dias para os profissionais da Educação e mais de 45 para o conjunto dos servidores.
Veja os informes que já chegaram na Central:
Rio de Janeiro – Uma grande passeata que denunciou a truculência com que o governo Dilma Roussef (PT) tem tratado o funcionalismo durante a campanha salarial unificada.
Além dos servidores, estiveram presentes à passeata estudantes das instituições federais e da Uerj, parlamentares, candidatos do PSOL e do PSTU à Prefeitura do Rio de Janeiro, além de representantes de categorias cujas campanhas salariais estão se iniciando, como bancários, petroleiros e Correios.
Em seus discursos, os dirigentes das dezenas de entidades representadas na manifestação frisaram que Dilma suspendeu as negociações desde 19 de junho, desrespeitando o funcionalismo e forçando a continuidade da paralisação.
A diretora do Sindsprev/RJ Lúcia Pádua classificou de imoral o Decreto nº 7.777, baixado por Dilma, autorizando a contratação de trabalhadores de outras categorias em substituição aos grevistas. “Um governo que se diz democrático baixa um decreto fura-greve desses, em vez de voltar a negociar, mostrando toda a sua truculência e irresponsabilidade para com os servidores e a população que precisa dos serviços públicos”, afirmou. Ela lembrou, também, das ameaças de corte de ponto dos dias parados.
O diretor da CSP-Conlutas Gualberto Tinoco (Piteu) disse que, ao alegar que atender às reivindicações dos servidores seria ‘promover desequilíbrio fiscal’, o governo Dilma mostra claramente que usa a mesma política econômica imposta nos países da União Europeia, em crise. “Mas, ao mesmo tempo, o governo isenta de impostos grandes empresas e destina 45% do Orçamento da União aos bancos. É a mesma política neoliberal da Europa, contra a qual os trabalhadores daqueles países estão lutando para derrubar e os daqui devem fazer o mesmo, para não sofrerem as consequências”, alertou.
Num sinal claro de que, aos poucos, o movimento sindical próximo ao governo está entendendo que tem de lutar para derrubar essa política e que, para isto, se deve apoiar a luta dos servidores, sindicalistas de várias empresas estatais estavam presentes na passeata. Sindicalistas dos Correios ressaltaram que o governo já sinalizou que vai promover uma política de arrocho salarial e fiscal e que, para que a luta das categorias com data-base neste segundo semestre seja vitoriosa, é preciso que a campanha dos servidores federais também o seja.
Durante a passeata, chegou a informação de que novas negociações, porém, em separado, por setor, estariam sendo marcadas a partir do próximo dia 13/08. A informação, no entanto, não chegou a ser confirmada por membros do Comando Nacional de Greve.
Rio Grande do Sul – Os servidores do Ministério do Trabalho e Emprego, conjuntamente com os servidores da Saúde, Agricultura, Receita Federal e Universidade, fecharam por uma hora e trinta minutos a Ponte do Guaíba, em Porto Alegre/RS. Mais de 500 servidores federais participaram da mobilização.
Segundo informações da Brigada Militar, quem precisou chegar à Capital Gaúcha, na manhã desta terça-feira (31/07), encontrou um engarrafamento de mais de 10 km. As manifestações começaram às 7h45min e se estenderam até 09h30min, quando os servidores partiram em marcha, pela Avenida Castelo Branco até o Largo Glênio Peres, no centro da Capital.
Eles denunciaram a população o desmonte dos serviços públicos e a falta de negociação por parte do governo Dilma.
Além das manifestações públicas, os servidores do MTE se mantiveram firmes no piquete montado na porta da SRTE/RS, que mais uma vez suspendeu totalmente suas atividades.
São Paulo – Os servidores federais de São Paulo uniram-se a estudantes e trabalhadores e expressaram sua insatisfação com a política econômica do Governo Dilma, além de reivindicar a negociação efetiva da pauta da campanha salarial unificada de 2012.
A manifestação foi iniciada por volta das 14 horas no vão do Museu de Arte de São Paulo (MASP), localizado na Avenida Paulista. Representantes das mais variadas categorias marcaram presença e falaram em apoio à mobilização do funcionalismo público.
Felipe Atoline, servidor do INCRA em greve e diretor do Sindsef-SP, falou que a população vê uma propaganda maravilhosa do governo, mas quando procura atendimento nos serviços públicos encontra órgãos sucateados. “Com falta de condições de trabalho, falta de pessoal, de segurança, de equipamentos e até falta de higiene”, disse indignado.
O membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Paulo Barela, destacou que o governo tem mentido para a imprensa ao dizer que foram abertas concessões imensas para os trabalhadores do serviço público durante os dois mandatos de Lula no governo. “Porém, os representantes de Dilma se esquecem de falar que os servidores públicos amargaram 10 anos de congelamento salarial e que, apesar daquele governo ter um dos maiores crescimentos econômicos da história do país, não investiu na saúde, na educação, nas políticas públicas, na área de saneamento e de habitação”, denunciou.
Segundo Barela, o aumento do PIB foi canalizado para pagar a dívida pública, para engordar ainda mais os bolsos dos grandes empresários, dos banqueiros e dos agiotas internacionais. “O que foi dado para os servidores públicos foi uma miséria, as migalhas do crescimento econômico”, ressaltou.
Gibran Jordão, coordenador geral da Fasubra (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras), destacou que estão com mais de 60 instituições em greve, englobando trabalhadores dos hospitais e técnicos administrativos, e que não vão aceitar a política de reajuste zero do Governo Dilma. Lembrou que no ano passado a greve durou mais de 100 dias e o governo não os recebeu nenhuma vez, assim como não cumpriu nenhum acordo das negociações estabelecido desde 2007, referentes ao plano de carreira. “Este ano o movimento ganhou muito mais força, com a adesão de vários setores, construindo uma forte greve do funcionalismo. Seguimos pressionando o governo pelo atendimento de nossas reivindicações”, frisou.
Em nome da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre), Arieli Moreira saudou os participantes da manifestação: “A ANEL está ao lado dos trabalhadores, lutando para que a gente tenha respeito e dignidade. Temos que exigir que o governo negocie e pare de enrolar os trabalhadores”. Finalizou cantando a palavra de ordem: “A nossa greve unificou: é estudante, servidor e professor!”.
O funcionário da empresa General Motors e diretor do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São José dos Campos, Eduardo Oliveira, afirmou que os servidores podem contar com a entidade e compartilhou a situação dos trabalhadores que correm o risco do desemprego.
“Os trabalhadores da GM estão em luta há quase 6 meses. Estamos indignados porque essa empresa tem recebido milhões de reais e dólares em incentivos fiscais, através da isenção do IPI, e ao final de tudo isso, coloca quase 2 mil pais de família no olho da rua”, disse. Também denunciou o Governo Estadual por ter socorrido a empresa. “Neste ato eu vi um cartaz dizendo que o governo tem dinheiro para mensalão, mas não tem para a educação. Tem que dizer também que o governo tem dinheiro para as montadores de veículos, mas não para os servidores e serviços públicos”, comentou Oliveira.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), representando por Natália Szermeta, também prestou solidariedade à greve nacional dos servidores. “Nós, que enfrentamos a especulação imobiliária nesse país, viemos aqui para dizer que estamos de mãos dadas com vocês nessa luta”, disse.
O ato contou com o apoio e a solidariedade internacional de Fernando Pita representando a Associação Gremial Docente da Universidade de Buenos Aires, ligada à CTA (Central dos Trabalhadores da Argentina).
Estavam presentes o Sindsef-SP, CSP-Conlutas, Fasubra, ANEL, SindmetalSJC, MTST e CTA, também marcaram presença a CTB, FENASPS, Sinal, Sintrajud, Sinsprev, Sinagências, Sindsusep, Sintunifesp, Assibge, Apeoesp, Adunifesp, Sinasefe e representantes dos partidos políticos PSTU e PSOL.
Havia em torno de 600 pessoas.
Minas Gerais – Em Belo Horizonte se contou com a presença de uma delegação do Sindsprev; do Andes-SN; do Sinasefe de Ouro Preto, Machado, Alfenas, Varginha e Salinas; do Sind. Cefet; Anel; Oposição de Esquerda UNE; Ames de BH; Fenatec; Sindrede; Federação Democrática dos Metalurgicos; Sindicato dos Metalúrgicos de Itaúna; Sindess de BH e outras.
O ato aconteceu na Praça Sete, contando com cerca de 350 pessoas, e depois os manifestantes seguiram em caminhada até o Ministério da Fazenda, onde encontraram com os servidores da Receita Federal, cuja entidade é ligada à CUT, e representantes do Sinreceita em vigília.
Santa Catarina – O ato em Florianópolis, apesar da chuva, foi muito expressivo com representação de todos os campi, exceto os campi que organizaram atividades regionais, como, por exemplo, o pessoal do Oeste e Sul do Estado. Participaram servidores alunos e técnicos da UFSC, IF-C e IF-SC.
Em Araranguá organizaram uma vigília na entrada da cidade (Araranguá) com cartazes. Foi uma forma de demonstrar mobilização em prol da Educação.
A boa notícia no dia de luta no estado é que o campus Criciúma, em assembleia, decidiu pela adesão à greve – em torno de 85% dos servidores.
Piauí – Servidores Públicos Federais, entidades sindicais e estudantis realizaram ato público na Praça Rio Branco, uma das mais movimentadas da capital teresinense, para denunciar a política de desmonte dos serviços públicos e de desvalorização dos servidores praticada pelo governo Dilma.
O ato, organizado pelo Fórum Estadual em Defesa do Serviço Público, reuniu cerca de 200 pessoas, que protestaram contra a política econômica do governo, exigindo a abertura de negociação e o atendimento da pauta de reivindicações das categorias em greve.
Participaram as seguintes entidades: CSP Conlutas; ANEL; Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Piauí – SINSEP-PI; Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí – ADUFPI; Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Piauí – ADCESPI; Sindicato dos Professores do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Piauí – SINDIFPI; Movimento Rompendo Amarras; Oposição Educação Com Lutas; Oposição ao SINTUFPI.
CSP Conlutas PI lança campanha em apoio aos trabalhadores da GM e contra as demissões
Durante o Ato Público do Dia Nacional de Luta dos Servidores Públicos Federais, a CSP Conlutas PI lançou uma campanha de apoio aos trabalhadores da GM contra as demissões. Através de um abaixo-assinado, a Central está mobilizando diversas categorias a se integrarem na campanha pela manutenção dos postos de trabalho, empregos e direitos dos trabalhadores.
Fontes: Olyntho Contente (RJ), Lara Tapety (SP), Gisvaldo Oliveira (PI), Marival Coan (SC) e Gilberto Gomes (MG).
Foto: Niko, Sindsprev/RJ
*Retirado da CSP-Conlutas
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