"Eu não sei vocês, eu quero SUS e não Sírio-Libanês"
Durante o 51º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM) em Recife, que reuniu em torno de 3000 professores, médicos e estudantes de medicina, a Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina - DENEM realizou um ato em em comemoração aos 25 anos do SUS. Além do IMIP (uma Organização Social - OSs) estar entre os organizadores do encontro, fomos surpreendidos com um estande do Sírio-Libanês, que inclusive fazia propaganda da EBSERH. Diante destes absurdos, decidimos fazer um ato mostrando nosso repúdio a presença dessas entidades em um encontro que pretende debater Educação Médica. Confira a seguir a carta que entregamos aos presentes no Congresso:
Aos Estudantes e Professores do Brasil reunidos no 51º Congresso Brasileiro de Educação Médica
No dia 05 de outubro comemoramos os 25 anos da criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS foi uma conquista do Movimento Popular. Porém, nesses 25 anos, não conseguimos estruturar o sistema sonhado pelo Movimento da Reforma Sanitária. O avanço das privatizações, a transferência maciça de recursos públicos para o setor privado e subfinaciamento crônico impediram o SUS de avançar na assistência à Saúde do POVO. A Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM) é uma entidade que historicamente tem lutado pela defesa de um Sistema de Saúde 100% público, gratuito e de qualidade e pela transformação das escolas médicas.
Um elemento importante nesse debate é a discussão dos impactos que as privatizações provocam no SUS e na formação dos estudantes nesses cenários de prática. Privatizações essas que têm avançado através dos “novos modelos de gestão”, como as Organizações Sociais, Fundações Estatais de Direito Privado, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e outras parcerias público privadas, que vão contra a proposta de Saúde que defendemos. Da mesma forma, as políticas governamentais colocadas são insuficientes e precarizam ainda mais nosso sistema de Saúde.
Estamos em Luta, construindo a Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde e os Fóruns Populares, com a compreensão de que saúde é um direito e não uma mercadoria, e de que esses espaços são os que promovem um real campo de discussões e ações na direção da saúde socialmente referenciada que defendemos.
Com relação à pauta de Educação Médica, percebemos um distanciamento da formação dos estudantes de medicina das necessidades do povo. Um modelo de currículo voltado para atender às demandas do mercado e que favorece o avanço do complexo médico industrial. Acreditamos que o problema metodológico da formação, apesar de importante, não pode ser central nesse debate. Precisamos transformar nosso jeito de ver Saúde, tendo a clareza de que o modelo biomédico, mesmo questionado, permanece intocado.
Nessa disputa pelo Sistema de Saúde e pela concepção de Educação Médica que defendemos, nós optamos por um lado. Optamos por pautar Educação Médica a partir do conceito trazido pelos lutadores da Reforma Sanitária. O conceito da Determinação Social do Processo Saúde-Doença, que relaciona saúde ao modelo de sociedade em que vivemos e aponta para a necessidade de transformação dessa sociedade.
“Em seu entendimento mais abrangente, a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais, podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida... Define-se no contexto histórico de determinada sociedade e num dado momento seu desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em suas lutas cotidianas.” (8ª Conferência Nacional de Saúde)
Saudações Estudantis,
Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM)
*Enviado diretamente pela DENEM
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