segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Campanha reivindica direito de resposta aos guaranis-kaiowás


Direitos Humanos| 19/11/2012 | Copyleft 

Confira a Carta Pública assinada pelo Conselho Aty Guasu (Grande Assembleia do povo Guarani e Kaiowá), pela Comissão de Professores Kaiowá e Guarani e pela Campanha Guarani. 


Participe da campanha.


“A escrita, quando você escreve errado, também mata um povo”, afirmaram professores guaranis-kaiowás ao ler a matéria “A ilusão de um paraíso”, publicada pela Veja. Nesta segunda (19), a Folha também cedeu espaço para a fúria conservadora destilar seu ódio contra os indígenas. Professores e lideranças da etnia, além de militantes da causa indígena, pedem adesão à campanha “Direito de resposta aos Guarani-Kaiowá Já!”.

Da Redação

A fúria conservadora contra o reconhecimento dos direitos constitucionais dos índios guarani-kaiowá ganha corpo na mesma proporção em que a campanha em prol da etnia ocupa mais e mais espaços nas ruas e nas redes sociais de todo o mundo. E, neste processo, a mídia conservadora, como era de se imaginar, se torna terreno fértil para a propagação de todo tipo de preconceitos e inverdades históricas contra as populações indígenas. É neste ambiente que índios e defensores dos direitos humanos se uniram para lançar a campanha “Direito de resposta aos Guarani-Kaiowá Já!”, direcionada à revista Veja, precursora dos ataques.

“A escrita, quando você escreve errado, também mata um povo”, afirmaram professores guaranis-kaiowás a respeito da matéria “A ilusão de um paraíso”, publicada na edição da revista Veja de 04/11/2012. De acordo com os organizadores da campanha, a matéria é “claramente parcial no que diz respeito à situação sociopolítica e territorial em Mato Grosso do Sul, pois afirma que os indígenas querem construir ‘uma grande nação guarani’ na ‘zona mais produtiva do agronegócio em Mato Grosso do Sul’”.

Também distorce à atuação política de grupos indígenas supracitados e órgãos atuantes na região, “desmoralizando os primeiros ao compará-los, ainda que indiretamente, a ´massas de manobra´ das organizações supostamente manipuladoras e com uma ´percepção medieval do mundo´. 

A campanha classifica a matéria como irresponsável e criminosa, por estimular medo, ódio e racismo. Um exemplo: “O resto do Brasil que reze para que os antropólogos não tenham planos de levar os caiovás (sic) para outros estados, pois em pouco tempo todo o território brasileiro poderia ser reclamado pelos tutores dos índios”, afirma o texto da revista. 

A postura de Veja não é isolada. Hoje, foi a vez da Folha de São Paulo ceder espaço para um outro texto-síntese do pensamento conservador brasileiro. O artigo de Luiz Felipe Pondé aparentemente se volta contra os adultos que aderiram à defesa da causa guarani-kaiowá e uniram o nome da etnia aos seus próprios nas redes sociais. Os militantes virtuais são chamados de loucos, ridículos e medíocres, entre outros adjetivos de nível idêntico. 

Mas o pano de fundo do texto é atacar a causa do povo indígena, também é duramente atacada. “Desejo que eles arrumem trabalho, paguem impostos como nós e deixem de ser dependentes do Estado. Sou contra parques temáticos culturais (reservas) que incentivam dependência estatal e vícios típicos de quem só tem direitos e nenhum dever. Adultos condenados a infância moral seguramente viram pessoas de mau-caráter com o tempo”, diz um trecho do artigo.

Confira a Carta Pública assinada pelo Conselho Aty Guasu (Grande Assembleia do povo Guarani e Kaiowá), pela Comissão de Professores Kaiowá e Guarani e pela Campanha Guarani. 


Participe da campanha.


*Retirado da Carta Maior


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