Trabalhadores e estudantes e usuários do SUS manifestaram posição contrária aos "novos modelos de gestão" do SUS
Os gritos ecoavam pelo maior congresso de saúde coletiva do Brasil: 'O SUS é nosso, ninguém tira da gente. Direito garantido, não se troca, não se vende'. Os depoimentos endossavam a manifestação: "Eu optei pelo SUS porque sei que lá encontro um tratamento humano, de qualidade e que não faz distinção de classe social". Estas e outras tantas vozes de profissionais, usuários e estudantes da área da saúde fizeram parte do ato organizado pela Frente Nacional contra a Privatização da Saúde no dia 17 de novembro no Abrascão.
Entre os principais assuntos citados pelos manifestantes estavam a criação das Organizações Sociais (OSs), da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Fundações Estatais de Direito Privado e os ataques que pesquisadores vêm sofrendo em órgãos do governo e de empresas privadas, por conta de suas pesquisas. "Este ato é realizado por companheiros que defendem a reforma sanitária não flexibilizada, aqueles que defendem o SUS público, gratuito e de qualidade para todos", explicou o pesquisador-professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Alexandre Pessoa.
Maria Inês Bravo, professora da Faculdade de Serviço Social da Uerj e pós-doutora em Serviço Social, explicou o papel da Frente Nacional. "A Frente quer um SUS de qualidade sob a administração direta do Estado. Ela defende também a Reforma Sanitária dos anos 1980, que prega o socialismo e a saúde. Com o capitalismo não há saúde. É fundamental que a Frente se amplie e una forças com, por exemplo, a Frente de Drogas e de Direitos Humanos, para todas se fortalecerem", reivindicou. "A Frente também está junto com aqueles que defende os princípios do SUS. Somos contra, inclusive, a internação compulsória [de dependentes químicos]", completou.
Frente Nacional e os estudantes
De 10 a 14 de novembro, os estudantes de Saúde Coletiva de todo o Brasil estiveram reunidos no II Encontro Nacional dos Estudantes de Saúde Coletiva (Enesc), em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O tema do encontro foi Saúde Coletiva e Movimento Social, mas outras questões como o valor de inscrição do Abrascão e a EBSERH, que afetam diretamente a eles, também foram debatidas. Segundo a estudante de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o ato da Frente também foi resultado do Enesc. "Essa manifestação também é fruto deste processo de discussão e produção dos estudantes. É preciso pensar as práticas dos estudantes de saúde dentro o SUS como nos Hospitais Universitários que, acima de tudo, são espaço de estudo, ensino e pesquisa acadêmica e seremos diretamente afetados com a EBSERH. No encontro, tiramos também uma moção de repúdio, inclusive, contra a Abrasco por conta do valor cobrado pelas inscrições no evento e pela não isenção. Tivemos vários trabalhos aprovados, então, acima de tudo fazemos pesquisa e produção acadêmica que estão sendo apresentadas aqui. Por isso a importância deste ato também contemplando as reivindicações dos estudantes", completou.
*Retirado da EPSJV
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