25 de janeiro de 2013
Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 31/01/2013
Fonte: metapvh.blogspot.com.br |
Prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, anuncia que vai criar gabinete de crise para avaliar real situação
Por Vinícius Rodrigues
O Prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, decretou estado de emergência na Saúde do município. O anúncio foi feito na manhã de ontem [24/01/2013] durante reunião no Hospital Municipal Mário Monteiro, em Piratininga, Região Oceânica. Além disso, Rodrigo anunciou a criação de um gabinete de crise que integrará diversas secretarias, com objetivo de avaliar a real situação do município e, assim, organizar medidas para mudar o quadro.
O decreto tem validade por 90 dias e poderá ser prorrogado, inicialmente pelo mesmo período, ou revogado, conforme a mudança da situação. Participaram da reunião o secretário de Saúde de Niterói, Francisco D'Angelo, a vice-presidente da Campanha Hospitalar da Fundação Municipal de Saúde, Elaine Machado Lopes, e o procurador-geral do município, Carlos Raposo.
"É uma resposta planejada e organizada da Prefeitura de Niterói, no sentido de restabelecer a assistência à saúde da população, gerar o restabelecimento no fluxo do abastecimento das unidades de Saúde, viabilizar e amparar a contratação de profissionais. Isso porque, boa parte da rede de Saúde da cidade é fruto de terceirização", explicou Rodrigo.
Sabendo que a mudança do quadro é um processo a longo prazo. Rodrigo Neves destacou o aspecto negativo em que a cidade se encontra, onde afirmou que Niterói ocupa a 96ª posição no índice de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
"Não é possível que Niterói mantenha esse quadro negativo. Uma cidade que tem o maior percentual de médicos por habitantes do Brasil, maior renda per capita nacional, não pode ocupar uma posição tão desfavorável. É um estado de decadência em que nos encontramos, por isso há a necessidade de inversão desse quadro", explicou Rodrigo.
Degradação
Segundo o secretário municipal de Saúde, Francisco D'Ângelo, a finalidade é recuperar a rede de saúde que está degradada e sucateada.
"Isso nos obrigou a fazer um relatório desse quadro dramático ao Governo Federal. Entramos aqui no Mário Monteiro e vocês viram a situação em que ele está. Não tem nem respirador. Estamos tomando medidas que vão além de reforma, mas que atinge diretamente a dignidade da população de Niterói", disse.
Tratando o Getulinho como "a ponta do iceberg", o secretário disse ainda que a falta de equipamentos e outros insumos, tanto na área básica, como hospitalar, obrigou a iniciativa em curto espaço de tempo para que haja mudança emergencial no quadro.
A vice-presidente da Campanha Hospitalar da Fundação Municipal de Saúde, Elaine Machado Lopez, disse que entre as ações que serão implementadas pela Prefeitura está a reforma e adequação física de nove unidades básicas de saúde (Morro do Estado, Canta- galo, Mata Paca, Maravista, Santa Bárbara, Várzea das Moças, Preventório, Baldeador e Souza Soares) e a requalificação das unidades Mário Monteiro e Policlínica do Largo da Batalha que passariam a atuar nos moldes das UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento). Só nas ampliações e reformas dos postos de saúde, será feito um investimento de R$ 20 milhões repassados pelo governo federal e uma. contrapartida do município.
"A expectativa inicial que nós temos, e certamente vai ultrapassar em termos de valores, é de que o Getulinho, em fase inicial, e com o apoio do ministério da Saúde, utilize R$ 10 milhões, que será para as áreas estruturais. Outras nove unidades de atenção básica, pelo projeto 'Requalifica SUS', que terá o investimento de R$ 20 milhões. Todo esse investimento também será das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que é o modelo seguido por essas unidades. Ao transformá-las em UPAs, certamente haverá o investimento de mais R$ 2 milhões do governo do Estado. Os recursos de custeios somarão mais R$ 8 milhões ao longo do ano", disse.
Justiça por atendimento
Para se ter uma ideia do problema que a população está encontrando para conseguir atendimento médico adequado em Niterói, uma paciente teve de recorrer à Justiça para conseguir solucionar seu problema. Com quadro de hipertensão e com problemas nos rins, Almerinda Alves de Souza, de 52 anos, permaneceu no Hospital Municipal Mário Monteiro por uma semana e a família, desde o dia da internação, foi orientada a buscar transferência para outra unidade de saúde com CTI por conta da falta de equipamentos adequados no hospital da Região Oceânica.
"Minha mulher precisou fazer exames no cérebro para avaliar possíveis danos provocados pela crise de hipertensão, e mesmo em estado grave teve que ser levada para outro hospital para ser examinada. Depois, o médico que a atendia disse que era necessário providenciar transferência para uma unidade de saúde que realizasse hemodiálise. Como o hospital em que ela estava internada não conseguiu um, tive que recorrer à Justiça", contou o marido de Almerinda, Galdino Alves Pereira, relatando que a mulher respira através de aparelhos.
Desesperado com a situação, Galdino, que mora no Engenho do Mato com a mulher e a família, conseguiu um ofício despachado pelo juiz Gustavo Henrique Nascimento Silva, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que ordenava a transferência e realização de exames para a paciente no prazo de duas horas. E caso a determinação não fosse cumprida, o município de Niterói seria multado em R$ 10 mil.
Almerinda só conseguiu vaga no fim da tarde de ontem no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em São Gonçalo.
Fonte: O Fluminense
*Retirado do Saúde em Pauta
**Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 31/01/2013
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