25/08/2014
Por Fernanda Cruz,
Repórter da Agência Brasil
Funcionários da Universidade de São Paulo (USP), que estão em greve desde 27 de maio, fizeram um protesto em frente ao Hospital Universitário (HU) no campus do Butantã, na capital paulista. Os manifestantes são contrários à transferência do hospital para a Secretaria Estadual de Saúde, proposta do reitor Marco Antonio Zago para sanar os problemas orçamentários da universidade.
Às 09h30 os grevistas iniciaram uma caminhada em direção à Faculdade de Medicina da USP, localizada na Avenida Doutor Arnaldo, região central de São Paulo
De acordo com Rosane Meire Vieira, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), a reunião do Conselho Universitário marcada para amanhã (26 de agosto) vai definir o destino do hospital. O conselho é formado por docentes e representantes de vários setores da universidade.
Segundo ela, a greve no Hospital Universitário começou no dia 10 de junho e teve a adesão de 30% dos funcionários. Embora a desvinculação mantenha esses servidores ligados à USP, Rosane disse que teme transferências. “O risco que a gente tem é de ser transferido e a secretaria [de Saúde] colocar pessoas com custo mais baixo, com salários menores, aqui dentro. E aí a nossa preocupação, nós vamos para onde? Eu sou técnica de enfermagem, para onde vou?”, disse.
Para Rosane, o prejuízo será ainda maior para os usuários do hospital. “Para a população, vai ser muito ruim, porque o Hospital Universitário tem uma história de atendimento de excelência. Apesar de ser público, o paciente aqui tem atendimento de hospital particular. E, a partir do momento em que ele for desvinculado, vai virar um hospital daqueles que já se vê por aí, com macas pelo chão. Não foi esse preparo que tivemos. Para entrar aqui no HU, é um concurso puxado, nós recebemos muito treinamento, muitas reciclagens”, declarou.
O diretor do Departamento Médico do Hospital Universitário, José Pinhata Otoch, diz ser, em princípio, contra a desvinculação por acreditar que faltou um debate mais aprofundado sobre o assunto.
“Esse hospital é uma base de ensino para sete unidades da USP. Ele usa a função de um hospital de atendimento para que o ensino seja feito. A reitoria contra-argumenta que o ensino é dado nos hospitais do Sistema Único de Saúde de forma adequada. Nós temos muita divergência em relação a esse ponto. O ensino aqui é feito de forma muito bem estruturada. Nenhum aluno ou residente faz algum ato médico sem supervisão direta. Isso é um diferencial que precisamos discutir”.
Na próxima quarta-feira (27 de agosto), haverá nova audiência de conciliação na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), entre representantes da USP e do Sintusp. Na última quarta-feira (20), não houve acordo na reunião no TRT.
*Retirado do Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário