“A autonomia das universidades federais sobre a gestão das atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas pelos Hospitais Universitários”: esse foi o tema da reunião na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara Federal dos Deputados no dia 30 de Maio de 2017. Integrantes da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde e respectivos fóruns de Saúde participaram do evento.
A discussão teve como foco principal a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação, criada pela Lei 12.550 em 2011, que assumiu a gestão dos Hospitais Universitários - HUs a partir de 2013.
O modelo EBSERH foi colocado como equivocado novamente. Conforme os presentes, problemas históricos e anteriores à EBSERH que assombravam os HUs permanecem até os dias atuais. Também foi denunciado o descumprimento da promessa de aumentar serviços e leitos nos hospitais e de maior eficiência administrativa, acarretando em um retrocesso da excelência necessária para os Hospitais Universitários. A falta de uma Gestão Pública Democrática e a restrição de Participação Popular foram assuntos presentes em diversas falas.
Os integrantes da Frente e fóruns presentes pautaram a incompatibilidade da EBSERH com o Sistema Único de Saúde. O SUS tem em seu alicerce a concepção de saúde de forma ampliada, resultante das condições de vida e de trabalho, e o sistema construído de forma transparente e com todos os segmentos da sociedade. E como qualquer outra empresa capitalista, a EBSERH visa somente à produtividade baseada em fatores econômicos, como redução de gastos e aumento de lucro, independente da situação de saúde de usuários e de trabalhadores.
Com a gestão EBSERH, os HUs perdem completamente a essência da natureza de hospital-escola. Estudantes da área da Saúde que estão nos estágios curriculares ou internatos nesse ambiente estão sujeitos ao aprendizado e reprodução de uma assistência à saúde precarizada e desumanizada, balizadas somente pela produtividade.
Foi denunciada a maneira como se deu a entrada da EBSERH nos HUs das Universidades Federais. Um sistemático corte de repasses, gerando asfixia financeira, assédio aos reitores e aos conselheiros universitários e sem ouvir a comunidade. Exemplo disso é situação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que teve seus repasses cortados, e a Universidade Federal de Santa Catarina, que assinou o contrato dentro de um quartel de polícia, mesmo depois de um plebiscito que repudiou a EBSERH.
Outro ponto importante e que surgiu durante a audiência foi o papel dos HUs como porta de entrada de indígenas no sistema de Saúde Indígena. Também foi comentado como é estratégico para a EBSERH que haja um conflito entre categorias de profissionais e atritos entre servidores contratados pelo Regime Jurídico Único e servidores celetistas, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
Com esse diagnóstico desastroso sobre a EBSERH, e percebendo como essa gestão afeta a autonomia das universidades, a Comissão de Seguridade Social e Família encaminhará as denúncias para a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle e também criará um grupo de trabalho para reunir informações sobre os HUs gerenciados pela EBSERH.
Soluções foram levantadas durante essa primeira reunião e que deverão ser analisadas no grupo de trabalho a ser criado, assim como serão analisadas as consequências que irão surgindo. Uma delas foi a revogação da Lei da EBSERH e a retomada da gestão dos HUs pelas Reitorias, efetivando a Autonomia Universitária nas unidades.
A Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde entende a Saúde e a Educação como direitos e reitera a concepção ampliada de Saúde e a função emancipatória da Educação. Por isso, a Frente reafirma a posição contrária a EBSERH e favorável a revogação da Lei da EBSERH, sem que se gere prejuízo aos trabalhadores dos HUs.
Para saber mais da reunião da Comissão de Seguridade Social e Família de 30 de Maio de 2017, CLIQUE AQUI. Pode-se conferir a pauta que a reunião teve e acessar a gravação da reunião, tanto em áudio e vídeo ou apenas em áudio.
Para saber mais sobre o Grupo de Trabalho que será criado para fiscalizar a EBSERH, acesse a matéria da Agência Câmara Notícias clicando aqui.
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