Desde março a campanha Leitos Para Todos tem apresentado propostas para que o poder público garanta atendimento a todos os casos grave de COVID-19 de forma igualitária. Muitas medidas dependem da capacidade técnica e da liderança do Ministério da Saúde, órgão máximo da hierarquia do sistema de saúde brasileiro.
Se as ações de Mandetta para garantir o direito universal à saúde para pacientes com COVID-19 já eram muito insuficientes, com Nelson Teich o Ministério da Saúde deixou de existir. O presidente decapitou aquilo que deveria ser a cabeça pensante e orientadora de todo o sistema, deixando-o sem comando nenhum. Algo criminoso no contexto da pandemia.
Com a segunda demissão em menos de um mês, a saída de Teich representa uma verdadeira intervenção militar e do palácio do planalto. A partir de agora o ministério não será apenas inoperante, mas uma instituição tutelada que atuará efetivamente contra a saúde da população. Negando toda a ciência e radicalizando ainda mais política da morte do presidente. Se hoje o general Pazuello é o ministro interino, vale lembrar que nem mesmo na ditadura vimos um ministro militar ou uma intervenção dessa magnitude.
As mudanças do Ministério da Saúde representam um passo adiante no projeto político da extrema-direita brasileira em inviabilizar as instituições, como já faz com a Policia Federal, para revogar a Constituição de 1988 e implantar um regime autoritário no Brasil.
A necessidade da requisição dos leitos privados e organização de uma fila única ganhou importância nas últimas semanas fruto da mobilização da sociedade civil. Mas no dia de hoje não vamos falar mais delas. Como afirma uma das principais revistas científicas médicas do mundo, The Lancet, o principal obstáculo para um enfrentamento à pandemia no Brasil se chama Jair Bolsonaro.
São mais de 14.000 mortos, e milhares de pessoas aguardando um leito de UTI para salvar suas vidas. São milhões de pessoas sem receber sequer a renda mínima para poder ficar em casa. São muitos os Estados que já deveriam estar em lockdown mas encontram resistência e agressões do presidente e de empresários.
Hoje, uma única questão importa: enquanto Bolsonaro permanecer na presidência, nosso país caminhará para o abismo sacrificando sua própria população, especilamente os mais vulneráveis. E que enquanto ele for presidente, assistiremos nas telas, nos cemitérios e hospitais, óbito após óbito, a construção de um genocídio e de crimes em série contra a humanidade e contra a vida. Agora, mais do que nunca, a batalha é em defesa da vida contra a morte. E quem não se posiciona, consente.
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